A onda é essa. Livros aparentemente abandonados no meio da rua são, em realidade, cuidadosamente "esquecidos" para estimular o giro das obras por aí. A ideia é democratizar o acesso à cultura, "libertando" um exemplar em local público de grande circulação para que outros o encontrem, leiam, voltem a libertá-lo e assim sucessivamente.
Inicialmente espontâneo, informal e silencioso, o movimento hoje ganhou um site e normas de atuação, ancorando cerca de um milhão de cadastrados, gente bacana de mais de 130 países, incluindo brasileiros.
Surgido nos EUA em 2001, o bookcrossing estimula o desapego e sonha transformar o mundo inteiro numa biblioteca a céu aberto. Ao invés de manter as obras paradas em suas estantes, os ativistas do movimento tratam de libertar seus livros em locais públicos - cafés, paradas de ônibus, bancos de praças e onde mais a imaginação aprontar - na intenção de que o maior número de pessoas possam ler, tornando verdadeiramente universal o acesso à cultura.
Este interessante padrão de troca ganhou uma comunidade web para gerenciar sua circulação de perto. Para colocar uma obra a girar por aí, é preciso se cadastrar no site http://www.bookcrossing.com/ , registrar o livro e colar uma explicação sobre o projeto na contracapa, informando seu número de identificação. Depois, é só avisar quando e em que local vai libertar o livro. Quem o encontra, avisa o site, inclusive anonimamente. Assim, é possível seguir o trajeto dos livros nas suas viagens pelo mundo (à direita, livro deixado em Sidney).
Obviamente, com tanta liberdade e informalidade assim, muitos livros não dão mais notícias de si. Para compensar, como propulsoras do movimento, surgiram zonas oficiais de bookcrossing, lugares como restaurantes e cafeterias que, com o aval dos donos, reservam espaço para a "libertação" das obras, em geral listadas no site. No Brasil, existem algumas destas zonas, como Casa das Rosas, Creperia Central das Artes e Salommão Bar (Sampa); Lunático Café (Rio); Ricota Restaurante (Curitiba); e Café Bonobo (Porto Alegre), entre outras.
Estante pública
Outro movimento parecido é a estante de rua, como acontece em Porto Alegre. Instalada em uma parada de ônibus, a iniciativa partiu de um grupo artístico que bolou a instalação primeiramente com 50 volumes sobre arte e, aos pouquinhos, a galera da rua foi pegando os livros e deixando outros no lugar, criando uma espécie de biblioteca pública ao ar livre. A ideia inicial, inclusive, não tinha a ver diretamente com incentivo à leitura mas, sim, com a ocupação "mais poética" do espaço público pela população. Mas a provocação tomou outros rumos e deu no que deu. Felizmente!
Bookcrossing www.bookcrossing.com
Estante pública www.estantepublica.blogspot.com
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